Maracanaú realiza VII Festival Afro-Arte

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A Prefeitura de Maracanaú, por meio da Secretaria Municipal de Educação – SME, realizou, no último dia 23 de novembro, no Centro Cultural Dorian Sampaio, a sétima edição do Festival Afro-Arte. A edição deste ano teve como tema “Diálogos e Possibilidades para uma Educação Antirracista”, fazendo referência ao projeto institucional “Aprender: Diálogos e Possibilidades”.

Durante a manhã, 21 apresentações passaram pelo palco, todas desenvolvidas pelas escolas do Município. Ao todo, foram 7 produções literárias e 14 apresentações artísticas de expressão cultural. A Escola Rui Barbosa chamou a atenção do público com a apresentação “Todos dançam África”, onde mais de 70 alunos participaram. Segundo a coordenadora pedagógica, Rosauria Alencar, os estudantes ensaiaram duas coreografias, sob a responsabilidade dos professores Gutemberg de Freitas e Rachel Lima, e as mesclaram, ressaltando a beleza das danças de origem africana.

Outro momento do festival foi a Marcha das Mulheres Negras, apresentada por alunos da Escola Construindo o Saber. A apresentação uniu elementos musicais, placas e faixas com palavras de ordem contra o racismo e a discriminação social, além de objetos que remetiam ao período da escravidão. A professora Patrícia Matos, membro do NACE – o Núcleo de Africanidades Cearenses e madrinha do festival, destaca a importância do trabalho desenvolvido pela escola.“A Escola Construindo o Saber já vem desenvolvendo um excelente trabalho com seus alunos e a comunidade escolar, no sentido de promover o pertencimento, o combate ao preconceito e, acima de tudo, um olhar humanizado para todos. Maracanaú já é referência na promoção das questões étnico-raciais e a Secretaria de Educação está de parabéns por todo trabalho realizado em prol de uma educação mais humana, mais ética, e mais justa”, analisa.

O Festival Afro-Arte contou ainda com ainda com I Mostra de Curta Metragem e a Mostra de Desenhos, que aconteceu durante a tarde do dia 23 de novembro. Ao todo 18 trabalhos foram apresentados, retratando experiências dos próprios alunos e temas atuais sempre visando as questões raciais, sociais e culturais brasileira.

A aluna Geovana de Holanda, do Liceu Municipal, foi a autora de um dos desenhos selecionados para a Mostra. “Mostrei no meu desenho a beleza da mulher negra, a importância dos seus cabelos cacheados e esclareci que os padrões de beleza estão mudando aos poucos. Cada vez mais as mulheres negras estão perdendo a vergonha de exibir seu cabelo”, detalhou.

Já os alunos da Escola José Martins Rodrigues exibiram um curta-metragem retratando a história de uma colega que sofreu preconceito por causa do seu cabelo cacheado. “Durante minha infância e adolescência, meu cabelo foi muito julgado, fui humilhada de diversas maneiras. Eu cheguei a alisar meus cabelos por conta de não ser aceita do jeito que eu era. Hoje, o que eu sofri, serve de alerta para que outras pessoas não cometam o mesmo erro, se valorizem, se amem e se aceitem do jeito que são”, explica a aluna Fabiana Beatriz, do 9º ano.

A aluna Rayssa Farias, que interpretou o papel da jovem que sofreu preconceito por causa do cabelo cacheado, explicou o significado de todos soltarem o cabelo no final do vídeo. “Cada cabelo solto é uma história que estava sendo libertada. Então, cada vez que eu jogava meu cabelo, eu dizia: Essa história já passou. O mais importante do vídeo é que as pessoas se aceitem como são”, disse. Ainda segundo Rayssa, o trabalho não atingiu somente as meninas, os meninos também entraram no clima e assumiram sua identidade. “A gente começou a questionar os meninos:  Sabia que o teu cabelo é bonito, assim, cacheado?  Então eles começaram a deixar de alisar, e nós os convidamos para participarem do vídeo, então, o trabalho acabou conscientizando todo mundo”, concluiu.

A primeira-dama do Município, professora Kamille Camurça, aproveitou a ocasião e lançou um desafio aos organizadores. “Hoje nós vimos o teatro lotado, todas as suas galerias ocupadas e percebemos que o Afro-Arte cresceu muito e não cabe mais aqui no teatro. O Festival precisa agora ultrapassar esses muros, ganhar as ruas e mostrar para a população quão bela é a cultura produzida em nossas escolas”, concluiu.

O secretário de Educação, professor Marcelo Farias, comentou sobre a importância do evento para Maracanaú. “Este festival já é tradição no município e a cada ano as apresentações nos surpreendem. Cada trabalho realizado nas escolas demonstra como os jovens estão se valorizando, se reconhecendo dentro da nossa cultura e, acima de tudo, respeitando as diferenças e combatendo o racismo, ainda tão presente em nossa sociedade”, finalizou.

Estiveram presentes o professor Joelcio Alves, representante da Secretaria de Educação do município de Maranguape, além de representantes da Secretaria de Educação do Estado e do Município de Fortaleza.